top of page

RELEMBRAR PARA COMEMORAR, CONTINUAR PARA FORTALECER

Feirão Colonial completa 30 anos em Santa Maria



Foto: Caio Motta


O último sábado foi bastante movimentado no Centro de Referência Dom Ivo Lorscheiter. Além de todas as emoções geradas pela entrega da medalha do Mérito Farroupilha, maior honraria concedida pelo parlamento gaúcho, à irmã Lourdes Dill, o sábado (02/04) foi marcado também por diversas recordações na celebração dos 30 anos do Feirão Colonial. Ao final da manhã, ainda ocorreu olançamento oficial da 28ª Feicoop.

O Projeto Esperança/Cooesperança, coordenado pela Irmã Lourdes, surgiu em 1987, de um esforço conjunto entre instituições internacionais da igreja católica, Cáritas e ações de atores locais como o Bispo Dom Ivo Lorscheiter. Em 1992, com a proposta de ser um terminal direto de comercialização, entre agricultores familiares e consumidores, surge o espaço que hoje se encontra o Feirão.

Nesses 30 anos o Projeto Esperança/Cooesperança realizou diversas atividades de promoção de trabalho digno, geração de renda e inclusão socioprodutiva junto à comunidade de Santa Maria. Trabalho que tem sido coordenado e inspirado pela Irmã Lourdes Dill.




Artesão Sérgio, no Feirão. Foto: Caio Motta


Um dos produtores que participam do Feirão é Sérgio Lima de Oliveira, que vem de Arroio do Só para comercializar suas cuias de chimarrão há 20 anos. Sérgio sofreu um acidente aos 28 anos, e conta que o Projeto foi uma chance de recomeçar: “O projeto me fez conhecer muitas pessoas, clientes que se tornaram amigos.” O artesão espera que o Feirão Colonial se fortaleça, apesar de já estar sentindo a falta da Irmã Lourdes. “A Irmã foi como uma segunda mãe, uma pessoa inspiradora que me fortalece todos os dias”, enfatiza Sérgio.

A relevância das ações realizadas a nível local, regional, nacional e internacional, guiadas pelo projeto em conjunto com os empreendedores e empreendedoras da economia solidária, junto às entidades parceiras como a Prefeitura Municipal, centros de pesquisa, em especial à Universidades de Santa Maria, Emater/RS, Governo do Estado e à Diocese, asseguram para a cidade o título de Capital Mundial da Economia Solidária e do Cooperativismo Autogestionário.

Há 30 anos, o Feirão Colonial tem promovido a venda direta do produtor ao consumidor, criando uma relação de confiança mútua e consumo ético. A expositora Miraci Ciper Schu conta que o Projeto proporcionou uma transformação muito grande em sua vida. “Muitas vezes eu só tirava o consumo do combustível, mas eu tinha um propósito de vida. Eu queria sair da cultura do fumo. Larguei a cultura da morte para produzir a cultura da vida”, afirma Miraci, que vem de Agudo com os seus produtos.



Medalha do Mérito Farroupilha


A dedicação da Irmã Lourdes Dill foi reconhecida nas comemorações dos 30 anos do Feirão, quando houve também a outorga da Medalha do Mérito Farroupilha, entregue pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Valdeci Oliveira. Natural de Santa Maria, Valdeci começou sua vida política na cidade, estando presente nos primeiros esforços de criação do Feirão e contribuindo para sua expansão, enquanto prefeito da cidade.



Irmã Lourdes ao lado do deputado Valdeci Oliveira, logo depois de receber a Medalha. Foto: Camila Londero


Para o deputado, apesar de ser um momento de comemoração e celebração para a economia solidária, a transferência da Irmã não possui uma justificativa plausível. Valdeci destacou os 30 anos de construção coletiva do Feirão, afirmando que é uma experiência nascida na cidade que tem relevância mundial: “Eu sempre aprendi que nós devemos estar ao lado de quem mais precisa, de que nós precisamos lutar por aqueles que estão mais necessitados e excluídos, desse processo injusto da sociedade em que nós vivemos… que nós precisamos apoiar os que incluem, e não podemos apoiar os que excluem, e a Irmã Lourdes é aquela que inclui em todos os momentos, que inclui todas as visões”. Reforçando ainda que a Medalha é um pequeno reconhecimento diante das ações realizadas pela Irmã.

Muito emocionada com a ocasião, Irmã Lourdes agradeceu a comenda e reafirmou que esse prêmio e reconhecimento não é para ela, pois é fruto de uma caminhada coletiva, e que ela é apenas a pessoa física: “Esse mérito é de Santa Maria, do Projeto Esperança/Cooesperança, do Feirão Colonial, é da Economia Solidária de Santa Maria, do Brasil e do Mundo, e é de todos vocês, essa premiação não é minha, ela é nossa.”.

A Irmã relembrou as palavras de Dom Ivo, de que toda premiação deve ser recebida com humildade.

Lourdes também pediu que durante seu discurso o novo coordenador do Projeto, José Carlos Peranconi, o Zeca, segurasse a comenda. Em seu pronunciamento, destacou a confiança que deposita no trabalho da nova coordenação colegiada.

Durante o evento a Irmã citou uma passagem do livro de Eclesiastes, que diz “que há tempo para todas as coisas”, ela também não quis marcar seu discurso como uma despedida, pois ainda permanecerá na cidade por um mês, visitará familiares e amigos e continuará próxima ao Projeto.

Ao relembrar a história do Projeto, Lourdes falou sobre a escolha do local da feira, o apoio das instituições, dos meios de comunicação e a parceria com os feirantes, além de mencionar o trabalho de apoio ao grupo de Vítimas e Sobreviventes da Boate Kiss. A Irmã reiterou que ao longo dos 35 anos nunca trabalhou sozinha, respeitando as diversas religiões, cores partidárias, culturas e modos de vida.

Ao destacar a multidiversidade das ações do Projeto, a Irmã pontuou que as decisões sempre foram tomadas de forma coletiva e colegiada, sendo que hoje há mais de 20 comissões que organizam as ações do Feirão e do Projeto.

Lourdes também falou sobre o futuro do Projeto, chamando a comunidade para organizar o 4º Fórum Mundial da Economia Solidária, em dois anos durante a 30ª Feicoop e reforçando o papel da juventude na renovação da Economia Solidária.Por fim, Lourdes afirmou que a cidade “faz parte de um legado de uma utopia chamada esperança”.




Foto: Caio Motta



28ª FEICOOP acontece em Julho


Para além das comemorações, o sábado contou com o Lançamento da 28ª FEICOOP – Feira Internacional do Cooperativismo e da Economia Solidária, um dos maiores Eventos de Economia Solidária da América Latina, que será realizada de 15 a 17 de julho de 2022 na cidade. A FEICOOP é, ao mesmo tempo um grande espaço de integração em torno da Comercialização Solidária Direta, como também de articulação social sobre a Organização Solidária do Trabalho e o Comércio Justo, Consumo Ético e Solidário, em prol da construção de um outro mundo distante dos aditivos químicos e agrotóxicos tão prejudiciais ao meio ambiente. Ainda neste sentido, a feira será precedida pela VI Plenária de Economia Solidária de 12 a 14 de julho de 2022 com representantes dos 26 Estados Brasileiros com representação de em torno de 300 pessoas de todo Brasil.

A Feira é gratuita e aberta a todos os públicos e a participação das e dos expositores, oficineiros e oficineiras, artistas e produtores culturais, entidades organizadoras, caravanas e voluntários e voluntárias ocorre mediante a um cadastro prévio que pode ser realizado neste link.

Além de todas as emoções do sábado ele serviu mais do que para “Relembrar para comemorar, continuar para fortalecer", ele demonstrou por meio de todas as pessoas que se fizeram presentes e as que também estiveram de modo remoto a essência gerada pela união em torno da Economia Solidária e Agricultura Familiar Camponesa: Um novo mundo é possível quando uma nova economia acontece.


Para conhecer mais sobre o Feirão Colonial acesse as redes sociais Instagram e Facebook.



Comments


 Posts em Destaque
Arquivos
Pesquisa por tags
Nenhum tag.
Siga-nos
  • Facebook Basic Square
bottom of page