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Fundo branco

6ª CARTA DE SANTA MARIA

6ª FEIRA DE ECONOMIA SOLIDÁRIA DO MERCOSUL

E 17ª  FEICOOP -  FEIRA ESTADUAL DO COOPERATIVISMO

 

Neste ano de 2010, a cidade de Santa Maria, RS - Brasil, acolheu 140 mil pessoas, na 6ª  Edição da Feira do Mercosul e 17ª Feira Estadual do Cooperativismo Alternativo  em  sintonia com as outras 27 Feiras Estaduais que acontecem no Brasil. Vindos de 425 municípios, de 27 Estados do Brasil e de 12 países (da América Latina, Europa e África), Empreendimentos Solidários, Movimentos Populares, 220 Entidades e Organizações da Sociedade Civil e órgãos governamentais, compartilharam desse espaço aprendente e ensinante. A força da construção coletiva também pode ser verificada através de mais de 60 comissões locais que trabalharam na organização e realização dessa Feira  e  comissões  de  outros  Estados  e  Países. Da mesma maneira foi decisivo o empenho dos Empreendimentos, das Entidades de apoio, dos Gestores  Públicos nos diferentes Municípios, Estados e  Países para o sucesso da mesma.

Aprendemos ao longo do processo de preparação e realização da Feira que as experiências gestadas em  nível  local são sementeiras de um Projeto de Desenvolvimento Solidário e Sustentável que já está em construção. Isso pode ser identificado na medida em que após 17 anos de Feira Estadual do Cooperativismo Alternativo e 6 anos de Feira de Economia Solidária do Mercosul registramos o avanço, não somente pelos dados numéricos, mas pelo crescimento em  articulação, debate, troca de idéias, experiências de  Comercialização Direta de  Empreendimentos da Economia Solidária, da Agricultura Familiar, das Agroindústrias Familiares, dos Catadores(as), dos Povos Indígenas e Quilombolas, da Juventude, dos trabalhadores(as) do Campo e da Cidade.

Este espaço de articulação Nacional e Internacional – entre a Diocese Centenária Santa Maria, Banco da Esperança/Projeto Esperança-Cooesperança de Santa Maria, Instituto Marista de Solidariedade (IMS), Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), os Fóruns Regionais da Economia Solidária, Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), a Prefeitura Municipal de Santa Maria, a Congregação Filhas do Amor Divino, Cáritas Brasileira e  Cárita/RS e as demais organizações patrocinadoras, parceiras  e de apoio – tornou-se uma frutífera parceria geradora de Outra  Economia que anuncia que um “Outro  Mundo é  Possível”.

Vivemos em 2010, quando celebramos os 10 anos do FSM (Fórum  Social  Mundial), e realizamos a 1ª  Feira Mundial de Economia Solidária   e  o  1º  Fórum  Mundial  de  Economia  Solidária  mais uma rica  Experiência  Aprendente  e  Ensinante que fortalece nossas práticas e convicções em torno da proposta de um Novo Modelo Econômico Solidário e Sustentável difundido pela Economia Solidária. Sinais dessa novidade são a produção e comercialização de produtos saudáveis, sem aditivos químicos, agrotóxicos, conservantes e a defesa da água, da terra e outros bens socialmente produzidos. Esse patrimônio deve tornar-se bem público universal, um direito essencial para a vida de todos os seres e não objeto de apropriação privada do capital.

 

Por isso a Feira de Santa Maria, vem ao longo de suas edições, concretizando os seguintes princípios: defesa e promoção da vida e da sociobiodiversidade, mística e espiritualidade ecumênica e libertadora, cultura de solidariedade, relações igualitárias de Gênero, Raça, Etnia e Geração, Democracia Participativa, Projeto de Sociedade Solidária e Sustentável. Essas diretrizes se materializam através de atitudes coerentes com a construção de um mundo cuidadoso onde a vida está em primeiro lugar. Destacamos nesse sentido, a proposta de um território sem fumo, da água para beber não comercializada e opção pelos sucos naturais produzidos pelos Empreendimentos Econômicos Solidários, no lugar de refrigerantes e outras bebidas da grande indústria.

A Economia  Solidária articula o chão da construção cotidiana dos Empreendimentos  Solidários e da organização local com o horizonte que aponta para um projeto de desenvolvimento solidário e sustentável. Nesse sentido reconhece o esforço de governos empenhados em tornar a economia solidária uma política pública. Contudo, permanece o desafio de uma ação estruturante mais ousada que consolide programas continuados na direção a um equilíbrio orçamentário. O modelo neoliberal de estado implantado em nossos países sul-americanos continua destinando percentuais insignificantes para os setores que mais geram trabalho, alimento e bens essenciais para nossos povos. Essa realidade, para ser transformada, exigirá a união de todas as forças empenhadas no processo de  Transformação   Social.

Ao longo da Feira foram realizadas as seguintes atividades: Seminário Latino Americano da ECOSOL; Seminário Economia Solidária em Minas Gerais – fatores que contribuem para sua auto sustentabilidade e Geração de Renda; Seminário de Soberania Alimentar; Seminário Regional de Comercialização Solidária Região Sul; Seminário Regional de Comercialização Solidária – Região Sul; Oficina de  Construção de jogos solidários; Oficina de sabão ecológico; Oficina da RECID (Rede de Educação Cidadã); Oficina de sabão ecológico, Oficina de sacola ecológica; Oficina sobre cromatografia de solos; Oficina da Rede do Sul de ECOSOL; Oficina da Rede Sul; Oficinas Acampamento da Juventude; Oficina Logística Solidária; Encontro de Catadores(as) – Os Profetas da Ecologia; Reunião da Coordenação Nacional de Economia Solidária – Rede ITCP’s; Quarta ENTROSA; Plenário sobre Plebiscito “Limite de  Terras” – 6ª  Acampamento da Juventude; Oficina de Papel Reciclado; Seminário Nacional Balanço da Campanha da Fraternidade 2010; Seminário Regional  da  PLANSEQ; Reunião de Empreendimentos Econômicos do Mercosul – UNISOL Brasil;

1º Encontro Regional de Formação e Planejamento – Projeto BrasilLocal. A partir dessas atividades foram assumidos os seguintes compromissos:

- fortalecimento do cooperativismo, na perspectiva Economia Solidária;

- fortalecimento da integração Latino-Americana, seja através do processo de troca de experiência,

   formação e comercialização dos grupos, como também dos governos;

- utilização de metodologias geradoras de autonomia de acordo com os princípios da autogestão;

- defesa e cuidado com o Meio  Ambiente, através da preservação das fontes de água, da terra,

  do   ar;

- reciclagem e reutilização de materiais para diminuir o impacto sobre a utilização de recursos

   naturais e proporcionando renda para os catadores de materiais reciclável;

- criação de redes e socialização dos avanços dos processos de reciclagem de papel;

 - orientação da população sobre a metodologia de análise biológica do solo;

- utilização dos recursos da tecnologia da informação (internet, blogs, sites, twiter...) como

   instrumentos de divulgação e potencialização da Rede de EPS;

- construção de novas metodologias de trabalho que sejam solidárias e fortaleçam uma Cultura de

  Solidariedade ao invés de uma cultura de competição e individualismo. Ex.: jogos solidários;

- fortalecimento   da  integração  da  Economia  Solidária  no   Mercosul (Rede do Sul – Rede  de

  Mercocidades);

- incorporação da logística solidária nas pesquisas de Comercialização  Solidária;

- fortalecimento da educação popular, preferencialmente entre jovens e mulheres excluídas, como  

  estratégia necessária para a  Transformação  Social;

- mapeamento da realidade de cada empreendimento no trabalho do Brasillocal;

- diversificação da produção, ampliando a área de abrangência da  Economia Solidária, assegurando 

   processos coletivos;

- luta pela garantia de legislações específicas voltadas à Economia Solidária;

- conquista de instituições de crédito popular;

- fortalecimento de bancos de sementes e da rede nacional de sementes;

- fomento a prática da educação popular, nas iniciativas de Economia Solidária, como instrumento 

  de   Transformação  Social;- incorporação do tema da Economia  Solidária na perspectiva do Desenvolvimento Solidário e   Sustentável.

Por fim, partimos para nossos municípios, Estados e países com a proteção do Deus da Vida, as bênçãos da Mãe Medianeira e a sintonia com Dom Ivo Lorscheiter, o Profeta e Gigante da Esperança, na certeza de que “Outro  Mundo é Possível”! e “Outra  Economia  Acontece”!

 

                                                   Santa Maria/RS-Brasil, 11 de julho de 2010.

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